Pesquisa sem frescura

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Arquitetura ou Apresentação de Arquitetura?


Em discussão no facebook sobre o vídeo apresentado por uma professora por qual tenho grande apreço eis que surgiu uma temática generalizante porém intrigante: qual o rumo que a arquitetura está tomando?

Poxa vida com apresentações de projeto cada vez mais dignas de um NBA All Star Game e um "Matrix", uma das conclusão do debate na rede social foi que a arquitetura está se tornando um ramo do design. Fiquei muito intrigado com a conclusão destes colegas e me pergunto se isto implica na supremacia absoluta do objeto!Será que a forma e a estética venceram sua disputa na moderna dicotomia forma-função? Talvez uma arquitetura cuja verdadeira apreciação se dê mais por vídeos disponíveis em qualquer celular do que pela própria vivência do espaço?

Se a apresentação encobre propostas incoerentes como a candidatura do Qatar para o a Copa em 2022, não poderia deixar de citar uma das frases que surgiram neste debate "estas apresentações de arquitetura estão ficando cada vez mais sofisticadas, é um OUTRO mundo não acha?.
Não quero ser mais arquiteto quero virar "apresentador de arquitetura"!!

Outro participante no debate alegou que arquitetura já virou um subtópico da seção de Design em veículos de imprensa de proeminência em Nova Iorque.

E você, indivíduo formado em arquitetura, como se vê no futuro? Arquiteto?Designer?Apresentador?ou pior, agente imobiliário?Melhor deixar esse ultimo para lá senão a discussão vai acabar só no ano que vem ahuaahauh, ops no depois do que vem né porque 2011 já tá ai!




Abaixo segue o vídeo da campanho do Qatar para a Copa:







A candidatura de Qatar para a Copa é sem dúvida um espetáculo em termos técnicos e estéticos, porém que tenta uma camuflagem sustentável que não se esquiva do fato de que toda uma penca de estádios e centros de treinamento e infra-estrutura turística vai ser construida em uma área menor que Campinas. Alguns estádios até serão "desmontados" e doados, mas será que a questão do legado do resto da infra-estrutura também pode ser aproveitado?
Não vou nem comentar a questão da tradição do país no futebol.



14 comentários:

Arthur Francisco disse...

Cara!? O que é aquela voadora aos 4'42"???

Unknown disse...

ahauahauah parecia o Subzero dando um fatalit!
tem o camelo bebendo água no oasis a 3'36" que me lembrou de um dos filminhos entre fases do age of empires tbm ahauah!

Arthur Francisco disse...

Como diriam os autores da série Grand Theft Auto, num dos comerciais das rádios do jogo (sobre o que se produz e vende como imagem): "I believe, in the miracle of merchandising!"

Unknown disse...

sério cara!como????
tipo a copa do mundo é um negócio tão mistico. Parece que venderam a copa pros árabes mano!

Arthur Francisco disse...

http://www.youtube.com/watch?v=X-AWDWaPkwA

Kim disse...

a voadora está aí pra mostrar que eles não sabem o que é futebol.
não vejo a supremacia da forma em contrapartida com a função porque certamente o projeto está resolvido. E aspectos estéticos são bem limitados. Há uma receitinha de bolo na criação que os deixam figurativos. Parece q conceito em arquitetura é só isso. Só um projeto que se salva e por pouco. É mais uma imagem publicitária. Alias, é só isso. O publicitário decide o brainding da copa, passa pro engenheiro e depois para os arquitetos. O oásis está só no filminho, porque esqueceram de chamar um paisagista.

Não há como ser sustentável essa copa, já que o Qatar é o país com a maior pegada ecológica per-capita do planeta, e muito na frente dos outros que já são gastões.
Mas acho válido e necessário uma copa no mundo árabe.

Unknown disse...

Então Kim, apesar de termos divergido na questão da forma,certamente nao analisei os estadios profundamente para saber se estao bem resolvidos ou nao mas citei a forma pelo apelo estetico ser a prioridade nos casos que examinei!Mas acho que chegamos a um acordo quando você coloca o arquiteto na base da cadeia alimentar, como meu colega disse no debate, o negocio é ser apresentador de arquitetura hauaah!
Concordo que o mundo árabe merece uma copa pois gostam muito do esporte, porem certamente copas em lugares exoticos necessitam ser intercaladas com copas em lugares de tradicao (talvez a Inglaterra merecesse ter uma chance antes do Qatar!!!)
O argumento de sustentabilidade do comitê tem uma serie de itens ja conhecidos na corporizacao da tematica ecologica no mundo globalizado, porem a fundamentacao seria a doacao destes estadios para paises pobres!Me pergunto se esses estadios tiveram seus paises de 3º mundo de destino relevados em seu projeto!

Victor Dariano disse...

cara, eu lembro do video do age of empires huauhaauh

Um amigo meu no twitter que não é nem arquiteto nem designer falou no anuncio dessa copa que os estadios tem arquitetura mto melhor que os do Brasil e bla bla bla.

O que respondi pra ele é que a arquitetura de um estadio está resolvida faz mais de 1000 anos, esse não é o problema.

Quanto a embalagem. Até acho legal quando o exterior de um edifício simula ou remete a outra coisa de relevância. Quando esta embalagem não perde suas funções de manter a estanqueidade proteger ou abrir-se para o Sol, reter ou transmitir calor, etc.

Mas o tema principal do post é apresentação, e na minha opinião sempre foi assim. Antigamente a lábia e o "I know people" (é como eu chamo o networking) faziam sozinhos os papeis dos renders matadores de hoje em dia.

E te falar que tem muito render sem vergonha que ganha, justamente quando tem interesse politico maior do que qualidade técnica.

Arthur Francisco disse...

Por exemplo, o pavilhão do Brasil na Expo Shangai.

gabriel disse...

por falar em xangai...: http://monicabarbosa.com.br/?p=7300

concordo com o victor: é ingenuidade acharmos que existe uma arquitetura "pura" (imune ao capitalismo) e uma arquitetura "malvada" (vendida ao capital). TODA arquitetura, segundo esta perspectiva, seria "malvada", mesmo aquelas obras que costumamos admirar nos corredores das FAUs. Aliás, a maior serventia de uma faculdade de arquitetura é justamente formar público consumidor de revistas de arquitetura...

O fato de as coisas serem assim não quer dizer que elas sejam assim pra sempre: história é possibilidade, não determinação. Mas a possibilidade demanda uma postura de mudança estrutural.

•••
mudando o foco: gostaria de saber qual a definição de "design" usada pelo pessoal da discussão para dizer que a arquitetura estaria a ele subordinada.

Kim disse...

Pô, Gabriel. É bem difícil definir "design". Acho até um caminho vão, que tira possibilidades da discussão. Mas, eu senti essa coisa do design forte nos projetos. Talvez pela escala sempre afastada dos espaços, em tomadas áreas que raramente serão apreciadas pelo público (pelo telespectador certamente, já que foi feito pra ter um helicóptero sempre em cima). Não há um contexto urbano, topográfico ou ambiental que sejam proeminentes. Dessa forma, é como se fosse um objeto em cima da mesa, com essa qualidade que o design tem ter de se adequar a diferentes contextos. A imagem é muito forte e, apesar de ter essas relações com coisas locais, poderiam funcionar esteticamente em outros lugares. Achei interessante isso que o Felipe disse sobre uma possível realocação, pois dissolve essa diferença entre arquitetura e design. O design geralmente tem as questões de linguagem sendo encerradas por suas características, enquanto costumamos pensar a arquitetura inserida em um amalgamo de relações particulares.
E sem dúvida a apresentação é fundamental nesse caso, pois o filme é uma linguagem que as pessoas estão mais acostumadas e se sensibilizam mais (desconfio), também por se tratar de um empreendimento econômico de sediar um super evento, antes de ser uma arquitetura.

Mas estou vendo que para qualquer reforma de banheiro os clientes vão querer essas tomadas aéreas com trilha sonora comovente. Não vai ter jeito, vamos ter que assimilar essa linguagem uma hora ou outra.

Victor Dariano disse...

o pessoal tava com saudade de discutir hehehe, pelo menos eu tava...

Design tem varias maneiras de ser entendido. Essa é uma discussao interessante até para ser abordada com posts proprios com muitos comentarios edificantes...

gabriel disse...

a questão não é propriamente qual a definição possível de "design" (absoluta, etc). Fiquei curioso com qual definição de design estavam trabalhando na tal discussão do facebook (pois me pareceu uma noção preconceituosa do design). Claro está que se trata de um problema mais complicado, por si só: não sabemos nem se design é um campo disciplinar autônomo (com teoria e metodologia próprias, etc).

enfim, sugiro o texto "design and crime", presente no livro design and crime (and other diatribes), sobre arquitetura-marca e a economia política do signo. Sugiro também esta postagem: http://notasurbanas.blog.com/2010/12/07/aura-e-mercadoria/ (com trechos do livro) ;]

Arthur Francisco disse...

É isso que dá usar uma palavra em outra língua quando podemos ser mais precisos utilizando a nossa. Design é mais abrangente do que arquitetura porque define uma idéia abstrata. Todo artefato humano pode ser reflexo de um projeto. Se os infelizes anglo-saxões "não diferem" projeto de desenho é porque associaram um signo (um papel com informações de construção) a um significado. Eles sabem da existência da palavra project, só não aplicam nesse caso.

Agora, cada profissional na sua área pode ser melhor que um profissonal tapa-buracos.

Eu adoro o jeito de apresentar dos nossos colegas da FAU. Entretanto, alguém diz que a curva de capacidade de abstração da população vem decaíndo ao longo do tempo. Ver o filme Idiocracy. Agora pra explicar as coisas temos de contratar um profissional pra fazer as coisas brilharem, pularem e, certamente, funcionarem: quem aí não acreditou, por um segundo, que as pessoas realmente vão chegar de barquinho aos estádios?