na passagem em sombras, os homens marchavam; seus uniformes e equipamentos sujos da tarefaria; capacetes para um perigo insistente que encharca o campo. negligenciando um "volte aqui", um admira o titã; tão fácil com seu martelo põe abaixo a barreira; qual tempo perderia a um homem? os sons transbordam, escapando por cada fresta, cada volta, cada esquina; pancadas secas, multiplicadas em ecos metálicos, repetidas ao interminável por si e por suas miragens. um momento de angústia, gritos: "médico!"; um ferido é resgatado enquanto os outros deslizam entre a hesitação e o alívio. outro assume a arma: mirando bem, duas mãos no equipamento pesado, que agride incansavelmente, aos sons dignos de uma metralhadora.
eu, que não entendia porque tantos homens se sacrificavam ali, por objetivo tão duvidoso, refugiei-me do canteiro de obras.
Pesquisa sem frescura
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segunda-feira, 9 de agosto de 2010
domingo, 1 de agosto de 2010
Construtoras em São Paulo: empresas e produtos.
Andando pelos aglomerados de construções que se espalham pelos bairros da cidade de São Paulo, seja na periferia em expansão, seja na reconstrução de bairros consolidados, você deve ter notado que as grandes construtoras não conseguem desenvolver produtos distinguíveis entre si. É como se tivéssemos cinco empresas diferentes, mas todas oferecendo exatamente o mesmo produto. O que diferencia um Cyrela Novo Jardim de um Even Concept Anália Franco? Ou de um Tecnisa Choice?
Pense num exemplo banal: canetas.
Uma BIC, a coisa mais simples possível, é difundida por sua praticidade e custo. Uma Mont-Blanc preserva em si um estilo clássico e a funcionalidade tipo "tinteira", para aqueles que acreditam em sua simbologia ou que têm certo apreço caligráfico. As Uni-Pin da Mitsubish são as favoritas dos desenhistas que apreciam a fineza do traço. Estenda isso para outras áreas do desenho indústrial e você pega o ponto: empresas diferentes oferecem produtos diferentes porque a concorrência direta é um complicador de negócios. A diversificação não só se afirma por ofertas a públicos distintos, mas é estratégia de posicionamento em mercado e viabilização das empresas.
Agora vá aos sites dessas construtoras pra ter uma idéia da homogeneidade de seus produtos: plantas labirínticas sobre estruturas desajeitadas, materiais construtivos "padrão" - sem qualquer apuro em sua aplicação -, paredes desaprumadas, implantação de fortaleza e [a cereja:] lazer completo. Eventualmente, o próximo empreendimento tem um lazer mais completo (alguém explique). Até a apresentação de seus produtos é idêntica: renderings ilusórios mostram uma população branca e feliz nos espaços que estão consumindo.
Vamos, nesse momento, acordar o seguinte: não há, tampouco, diferenciação estética, porque tal exigiria modificação radical das formas - entendendo a estética como um conjunto ordenado e elaborado de razões legitimamente humanas e artificiais, não a aplicação cosmética de revestimentos.
Mantendo as diferenças nesse plano [cosmético], as construtoras têm desenvolvido uma urbe o mais homogênea possível, e, por conseguinte, a mais segregadora. Conservando tipos populacionais iguais por onde estabelecem seus empreendimentos, jogam em suas franjas (senão ainda mais longe) as populações das quais as primeiras dependem. Se as grandes construtoras paulistas desenvolvessem produtos especializados, ou ao menos diferenciados entre si, seria possível que atingissem as necessidades de um publico maior - para não causar aqui grandes medos políticos, um maior mercado consumidor de habitação.
Certamente, há construtoras com projetos diferenciados, como a Idea Zarvos, mas ainda é uma participação muito pequena diante do montante produzido. Mas, se essas pequenas iniciativas sucedem em suas propostas, comprova-se que as grandes têm, de fato, deixado de lado importantes parcelas da população, que não se enquadra - por vontade ou por força - em seu modelo paradigmático. Empresas com visão curta tendem morrer mais cedo.
[Isso me inspira a uma história que gostaria de escrever e desenhar...]
Pense num exemplo banal: canetas.
Uma BIC, a coisa mais simples possível, é difundida por sua praticidade e custo. Uma Mont-Blanc preserva em si um estilo clássico e a funcionalidade tipo "tinteira", para aqueles que acreditam em sua simbologia ou que têm certo apreço caligráfico. As Uni-Pin da Mitsubish são as favoritas dos desenhistas que apreciam a fineza do traço. Estenda isso para outras áreas do desenho indústrial e você pega o ponto: empresas diferentes oferecem produtos diferentes porque a concorrência direta é um complicador de negócios. A diversificação não só se afirma por ofertas a públicos distintos, mas é estratégia de posicionamento em mercado e viabilização das empresas.
Agora vá aos sites dessas construtoras pra ter uma idéia da homogeneidade de seus produtos: plantas labirínticas sobre estruturas desajeitadas, materiais construtivos "padrão" - sem qualquer apuro em sua aplicação -, paredes desaprumadas, implantação de fortaleza e [a cereja:] lazer completo. Eventualmente, o próximo empreendimento tem um lazer mais completo (alguém explique). Até a apresentação de seus produtos é idêntica: renderings ilusórios mostram uma população branca e feliz nos espaços que estão consumindo.
Vamos, nesse momento, acordar o seguinte: não há, tampouco, diferenciação estética, porque tal exigiria modificação radical das formas - entendendo a estética como um conjunto ordenado e elaborado de razões legitimamente humanas e artificiais, não a aplicação cosmética de revestimentos.
Mantendo as diferenças nesse plano [cosmético], as construtoras têm desenvolvido uma urbe o mais homogênea possível, e, por conseguinte, a mais segregadora. Conservando tipos populacionais iguais por onde estabelecem seus empreendimentos, jogam em suas franjas (senão ainda mais longe) as populações das quais as primeiras dependem. Se as grandes construtoras paulistas desenvolvessem produtos especializados, ou ao menos diferenciados entre si, seria possível que atingissem as necessidades de um publico maior - para não causar aqui grandes medos políticos, um maior mercado consumidor de habitação.
Certamente, há construtoras com projetos diferenciados, como a Idea Zarvos, mas ainda é uma participação muito pequena diante do montante produzido. Mas, se essas pequenas iniciativas sucedem em suas propostas, comprova-se que as grandes têm, de fato, deixado de lado importantes parcelas da população, que não se enquadra - por vontade ou por força - em seu modelo paradigmático. Empresas com visão curta tendem morrer mais cedo.
[Isso me inspira a uma história que gostaria de escrever e desenhar...]
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