Entre design e designers

O que eu acredito mesmo é que não existe um signo vazio de significado político.

Seja palavreado ou desenho, acredito que sempre há ali um vetor de informação sobre uma idéia de mundo. Não dá pra abandonar discussões políticas no desenho industrial ou na arquitetura quando estas lhe são inerentes. E o que melhor podemos fazer é sempre redesenhar essas idéias.

Nunca fui defensor de uma forma fixa, uma idéia que me preservasse de vislumbrar por novas perspectivas - "uma faca que só tivesse lâmina (...) [que] ninguém do próprio corpo poderá retirá-la". (Perdão se insisto nesse poema de João Cabral de Melo Neto, talvez por minha estreiteza literária, talvez pela persistente relevância). Essa "liberdade formal" também encontrará uma correspondência na política.

Diante do que se desenrolou aqui no blog, por conta de uma postagem minha, aqui vai uma sugestão - que vale se estiver praticando desenho ou política: sempre desconfie de si mesmo. De certo modo, apenas quando nos permitimos anular as nossas próprias certezas é que podemos enxergar como o outro e entender o que antes nos parecia absurdo.

É o princípio necessário para validar o diálogo - esse bem tão caro, que só é possível se quisermos ouvir tanto quanto pronunciar. Às vezes, na ânsia de manifestar nossa opinião, ou mais ainda, demonstrar nosso conhecimento, cerramos a atenção e negamos a razão aos outros. Tornamo-nos paladinos numa cruzada às cegas.

Então, sem mais, aguardo futuros diálogos: múltiplos na essência, sem fins prescritos.

(
Pra quebrar o gelo, Bill Watterson, um dos melhores:


)