Pesquisa sem frescura

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Redesign

Semana conturbada, não consegui postar na terça, dia em que saem geralmente meus posts, mas aqui estou, dessa vez para falar um pouco sobre redesign.
Tive uma matéria na faculdade que praticamente tratou só desse assunto, que eu acho demais. Basicamente é assim: você parte de um produto que já tem sua função, sua linguagem e seu desenho. Com o desenvolvimento tecnológico, mudanças culturais e sociais, esse desenho muda.
Como primeiro exemplo, vou falar da guitarra, que nada mais é do que um violão que sofreu um redesign pela mudança de tecnologia. Enquanto no violão escuta-se o som pela amplificação das ondas sonoras dentro da caixa acústica, na guitarra o som é obtido pela captação da vibração das cordas metálicas pelos captadores. Com isso, a caixa acústica espaçosa não era mais necessária, porém o design clássico de guitarra, remete ao do violão. Em português até têm nomes diferentes mas essa relação fica mais compreensivel em outras linguas, como espanhol e inglês, onde os dois instrumentos são diferenciados apenas como guitarra acustica e guitarra elétrica.
Segundo exemplo: o contrabaixo, ou baixo...esse eu conheço bem. O processo é análogo ao da guitarra, porém o instrumento que deu origem foi o contrabaixo acustico usado em orquestras e bandas de jazz no inicio do século XX. Quando Fender inventou o baixo elétrico, pensou na precisão das notas, já que o baixo acustico não possui trastes (os ferrinhos no braço que definem as casas), e na redução do tamanho do instrumento, já que a caixa acústica original é enorme para conseguir amplificar as notas graves desse instrumento. Quando o novo instrumento foi criado, já existia a guitarra elétrica e seu desenho seguiu a mesma linguagem.
Carros: não preciso falar muito disso né? Decidiram trocar cavalos por uma caixa mágica que faz as coisas se mexerem sozinhas....deu no que deu
Arenas: não tenho muito o que falar, aqui, acho legal dizer que os romanos tinham metodos de projeto muito avançados para arenas, usados até hoje (claro que adaptados) para definir ângulos de observação e quantificação de rotas de fuga, o que mudou mesmo, foram os materiais usados, eles gostavam de usar pedras, tijolos de barro e um tipo diferente de concreto que eles desenvolveram. Atualmente usa-se aço e concreto, e em muitas vezes, nas coberturas, estruturas tensionadas ou atirantadas.

Tocadores de música móvel: Espero que os applemaníacos não surtem com essa comparação, mas ela é válida, porque o walkman era, nos anos 80 um sinônimo para música individual, o que é ipod hoje em dia. Um belo exemplo de como a tecnologia pode mudar o desenho. Com o Walkman o tamanho dos do tocador de fita K7 limitava a miniaturalização do objeto, enquanto o Ipod mais de 20 anos depois possibilita escutar mp3, ver videos e até navegação na internet em menos de meio centímetro de espessura, fazendo a música individual ser apenas um diferencial do produto, não sua função principal. Como um professor meu disse, a Apple não costuma ter idéias muito originais, mesmo quando se refere a design, eles apenas estudam a história e buscam referencias e as melhoram. E fizeram isso resgatando a idéia de música individual do walkman e aplicando um design minimalista, simples e funcional, que em muito lembra os eletrodomésticos dos anos 60 e 70-buscar referencias no passado e melhorá-las.
Acho legal como as gigantes tecnológicas Apple e Google refletem como buscamos simplicidade nesse caos que é tanto a vida virtual quanto a real. Um contraponto à desorientação pósmoderna.

4 comentários:

Arthur Francisco disse...

Humm... redesign, então?
(eu percebi que você colocou um carro bem clássico na comparação... um Lamborghini ia chocar, né?)

Agora saca só: nós (desenhistas) observamos o iPod como um meio de experimentar multi-mídias. Quem financia o desenvolvimento do iPod observa como "novos meios de vender multi-mídias". O iTunes é tão fundamental quanto o iPod (senão mais, você pode baixar até no Windows). Quem vende música quer que você tenha o iPod+iTunes (é assim que a Apple vende). Redesenharam o mercado cultural. Lembra do CD? 80 minutos de música (tá, só nos álbuns do Dream Theater)? Isso não precisa mais. Redesenharam os músicos! Chegas de músicas desnecessárias enchendo lingüiça nos álbuns. O que vale agora são só os HITS - porque são os únicos que vendem no iTunes! Aliás, já viram o iPodão (http://www.apple.com/)?

Victor Dariano disse...

boa colocação sobre o ipod e o redesenho do mercado musical... concordo plenamente que o itunes é tão importante quanto o ipod.

já vi sim o ipodão, e acho que ele tem sido muito subestimado, gostei do carater inclusivo que o ipad tem, já que pessoas com dificuldades visuais ou de cordenacao tem dificuldade de mexer num iphone ou ipod touch

#ficadica de um post sobre ipopXipad

Victor Dariano disse...

esqueci de comentar sobre o carro...nossa deu trabalho achar um carro pra comparar....todos os carros que eu via durante a busca da imagem não me agrdavam, então busquei por um carro que guardasse mais da luxuosidade e linguagem das carruagens...rolls royce

mas isso não foi por gosto pessoal, acho sem graça esses carrões de milionários que não gostam de dirigir (sempre tem um motorista)

Arthur Francisco disse...

Concordo! Me de um Lamborghini que eu mesmo dirijo (se conseguir)!